8 de nov. de 2007

DIAS 28 e 29 de outubro de 2007 -
DE VOLTA A BRASÍLIA – (1711 km rodados em 2 dias) - 8506 km rodados no total, sendo 1130 km em território chileno e 3800 km em território argentino – Chegamos, enfim! A viagem de volta, como toda viagem de volta, foi um tédio. Uma luta constante contra o acelerador. Rosane voltou de avião de Foz e eu e Paulo viemos da mesma forma que fomos, de moto. Atravessamos os 9 pedágios pagos do Paraná, os trocentos gratuitos de S. Paulo, as belíssimas paisagens mineiras e goianas e adentramos, antes das 13 h do dia 29/10, o DF. Somos unânimes em afirmar que essa foi a melhor viagem de nossas vidas (até aqui). Foi muito prazeroso concluir mais esse projeto com sucesso e segurança!
Espero que possamos ajudar os amigos que, futuramente, desejarem também realizar essa aventura. Vamos lá a algumas dicas e constatações importantes:
a) Tomadas de Energia – não existe plug chapado na Argentina. É bom levar um adaptador, porque só se encontra tomadas com aqueles dois furinhos redondos.
b) Seguro Carta Verde – apenas a Argentina exige este seguro para motos. Só conseguimos localizar a Magna Seguros que o fornece para motocicletas ACIMA de 250 cc. Eles possuem um escritório no Posto Gasparin, no km 720 da BR277 (12 km do centro de Foz do Iguaçu). Soube por um motorista de táxi que do lado argentino, em Puerto Iguazu, há a Rivadavia Seguros, na Av. Misiones. Creio que por lá se consiga tirar o Carta Verde para motos baixo de 250 cc.
c) Cartões de Crédito – as províncias argentinas por onde passamos estão na idade da pedra nesse quesito. Quando se aceita cartão de crédito há acréscimo de 10%. Porém, em qualquer povoado mixuruca é possível encontrar caixa eletrônico para saques (Cajero Eletrónico). No Chile o cartão é aceito na grande maioria dos estabelecimentos.
d) Folhas de Coca – mascar folhas de coca (hacer el acuyico) ou tomar o chá (que tem efeito muito passageiro) é a melhor estratégia para suportar as altitudes acima de 3000 m. Não é brincadeira! O ar some dos pulmões mesmo! Quem tiver algum preconceito, leve um tubo de oxigênio e muita aspirina. Lembro que chamar “folha de coca” de droga é uma ofensa ao povo andino. Ela não produz qualquer efeito alucinógeno, não tem gosto ruim e sua ação é rápida. Depois de uns 10 minutos mascando dá até para bater uma peladinha nas alturas.
e) Temperaturas – Viajamos na primavera e a temperatura foi bastante alta durante a maior parte do trajeto. Frio só de madrugada e de manhã cedo, com algumas exceções. Não pegamos chuva em momento algum da viagem. Sequer chegamos a utilizar o forro térmico das roupas de cordura (próprias para motociclistas).
f) Distância entre postos de gasolina – outro problema para quem viaja com motocicletas de baixa autonomia. Já havia dito e vou repetir. Tomar cuidado especial nesses trechos: entre Saenz Peñna e Pampa de los Guanacos (Arg) há 155 km sem nenhum posto. Isso se repete entre S. S. Jujuy e Susques (170 km); e entre S. Pedro e o trevo para Antofagasta, conhecido como Oásis (220 km).
g) Rodovias – em excelentes condições.
h) Povo Argentino e Chileno – o chileno tem uma postura corretíssima. Respeitam as regras de trânsito, dão nota fiscal para tudo (até para água mineral) e, o melhor, os estrangeiros têm desconto nos hotéis porque são isentos de impostos (que giram em torno de 19%). Os argentinos são muito simpáticos e curiosos. Nas províncias por onde passamos, prevalece a descendência indígena nos traços da população. Não se parecem em nada com os portenhos (de Buenos Aires).
i) Cidades boas para pousar – Posadas, San Ignácio, Corrientes, Resistência, Saenz Peña, Joaquim B. Gonzáles, Susques, San Salvador de Jujuy, Salta e Tilcara (na Argentina); S. Pedro do Atacama, Calama e Antofagasta (no Chile).
j) Serviços de Hotel – é pouco provável que se encontre um banheiro com box na Argentina. Geralmente, só existe um cortinado protegendo o chuveiro do resto do banheiro. Tem que ser artista para não molhar todo o piso. Não vimos, também, funcionários para carregar malas. No Chile o serviço é melhor. Os banheiros são limpíssimos, inclusive dos postos de gasolina (com papel higiênico em todos eles).
k) Roupas - as roupas de frio ocuparam 70% do espaço da nossa bagagem. Eu e Paulo usamos casaco e calça de cordura, próprios para motociclismo. Esse tipo de vestimenta é excelente para frio e chuva, mas terrível para o calor. Sofremos em dobro nos trechos mais quentes. Não houve necessidade de usar o forro térmico da roupa de cordura. Nas temperaturas mais baixas usamos "segunda pele" x-thermo, marca Solo, uma blusa grossa de fleece e cachecóis de alpaca comprados em Jujuy. Rosane usou o tradicional conjunto de couro com esse mesmo suporte por debaixo da roupa e outro casaco impermeável (anorak), bastante flexivel, sobre o casaco de couro. O frio atinge com mais intensidade as mãos. Foi corriqueiro usar 2 ou 3 luvas sobrepostas, geralmente de lã fina ou de fleece por baixo da de couro (com forro de pele de carneiro). Isso nos permitiu enfrentar até 7,5 graus abaixo de zero. Todos nós usamos botas impermeáveis com meia grossa até as canelas.
l) Equipamentos adicionais na moto - Além do já tradicional GPS com mapas dos projetos tracksource e mapear (argentino), usamos um aparelho eletrônico para medir temperatura ambiente e umidade (comprado no Paraguai). Eu instalei um termômetro de mercúrio no alforje lateral, exposto ao vento, para medir a sensação térmica em cima da moto, que variou entre 6 e 10 graus para menos em relação à temperatura ambiente. Lembro q esses aparelhos só funcionam eficientemente na sombra. Sob o sol há alterações significativas, que evitei considerar.
Outras informações com Flávio Faria (explicitar assunto):
Álbuns fotográficos:

Pilotando no Deserto (trecho inicial do Atacama para quem vem da Argentina)http://www.youtube.com/watch?v=XB-dL76ELpM

7 comentários:

Anônimo disse...

PARABENS FLAVIO,ESTOU PENSANDO EM FAZER UMA VIAGEM BEM LIGTH P/CHILEE SEU SITE ME FOI MUITO UTIL UM DOS MELHORE Q LI.
VOU DE GS ADVENTURE ,ALGUMA DICA?
QUAL O MENOR NUMERO DE DIAS Q POSSO FAZER-SOMENTE CHILE VOLTANDO POR BARILOUCHE.
CARLOSFARRAPO@GMAIL.COM
GRATO

Anônimo disse...

Parabêns, sou de Brasília e juntamente com um amigo com 2 xt 660 pretendemos fazer o mesmo roteiro ainda esse ano... será que podemos bater um papo, temos muito que aprender contigo...somos de Brasília.
lopes988@hotmail.com
Grato.

Anônimo disse...

Flávio, só de ler o texto já acelera o coração de vontade de ir! Parabéns!

FFF disse...

Muito legal o relato Flávio. Keep on moving!

falcão negro disse...

VALEU IRMÃO O VERDADEIRO MOTO-TURISMO EM FAMÍLIA

Unknown disse...

Parabens pela viajem, pelas dicas e relatos, alias, um dos melhores que vi até hoje, bem objetivo !!! Atacama é um sonho meu tbem.
Pascoal - São paulo

Adilson .'. disse...

Parabens, pelo relato, viajamos juntos nesssa! pretendemos , minha esposa e eu fazermos essa viajem, seguiremos esse seu roteiro. Parabens novamente.
Marília e Adilson.`.
Tatui SP

Quem sou eu

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Sou servidor aposentado do Ministério do Planejamento, motociclista há algumas décadas, em Brasília. Também sou antropólogo e sociólogo por formação; escritor, violeiro e compositor por vocação; e estradeiro por opção. Criei esse blog para compartilhar, com quem demonstre interesse, minhas viagens de moto pelo Brasil e por outros países. Contato pelo email: flaviomcas@gmail.com